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Futuros estudantes

      Este texto se destina a auxiliar candidatos a estudantes no nosso grupo de pesquisa a conhecer melhor nossa filosofia de trabalho, nossa visão de futuro e o que esperar ao se juntar ao nosso grupo.

     Nossa filosofia de trabalho se baseia numa pesquisa científica focada na busca por respostas a problemas ambientais típicos do século 21, e publicação de resultados em revistas internacionais de alto padrão editorial. Nossa pesquisa é interdisciplinar, concentrando nas interações entre diversas ciências, como a climatologia, hidrologia, ecologia e agronomia, dentre outras. Nossos métodos de trabalho incluem modelagem, análise de dados observados no campo, construção e análise de bancos de dados geoespacializados e sensoriamento remoto, com ênfase na primeira.

     Candidatos a estudantes de pós-graduação devem ter em mente que é esperado deles que publiquem suas pesquisas nas principais revistas científicas do planeta. Ter a sua produção científica publicada em revistas de alto padrão editorial é uma indicação da alta qualidade da pesquisa desenvolvida, garantida pela reputação da sociedade científica que publica a revista, do seu editor e dos revisores anônimos.

     Parte do nosso trabalho envolve iniciar estudantes à ciência, formar mestres, doutores e pós-doutores.

     O objetivo do mestrado é iniciar a formação científica do futuro cientista. É necessário dosar a complexidade da pesquisa a ser desenvolvida com o tempo de bolsa fornecido pelas agências financiadoras (normalmente 24 meses). Assim, espera-se que cada estudante de mestrado escreva apenas um artigo científico completo, e submeta-o para publicação em revista científica.

     Já a meta do doutorado é efetivamente formar o(a) cientista, emancipando-o(a) para prosseguir a sua carreira acadêmica independentemente. Esse processo de emancipação inclui atingir dois objetivos:

(a) preparar pelo menos dois projetos de pesquisa completos (normalmente um durante o mestrado e outro durante o doutorado);

(b) ser capaz de executar, de maneira independente, a publicação de artigos científicos em revistas internacionais, o que normalmente inclui a realização da pesquisa, análise dos dados, rascunho do artigo, revisão do artigo (etapa que geralmente inclui reescrever o artigo entre 6 e 15 vezes), responder aos revisores de maneira aceitável, preparar todas as figuras e ilustrações na sua forma final, e revisar as provas (preprints) do artigo. A independência só é atingida ao se repetir todo este processo diversas vezes, até que a presença do orientador não seja mais necessária. Embora o número de vezes que esse processo deva ser repetido varie de cientista para cientista, acredito que três artigos publicados é o mínimo necessário para que esse nível seja atingido, embora esse número possa ser maior se o estudante publicar em duas línguas, como português e inglês. Assim, eu recomendo que cada estudante de doutorado realize pesquisa que o faça publicar pelo menos dois artigos, os quais, somados ao seu artigo de mestrado, totalizem três artigos. No nosso grupo de pesquisa, nós recomendamos e incentivamos que os nossos estudantes de doutorado escrevam a sua tese em inglês.

     Por outro lado, o objetivo do pós-doutorado é consolidar a carreira científica do cientista. As atividades de pós-doutorado geralmente são consideradas como as atividades do recém-doutor nos primeiros cinco anos após a conclusão do doutorado. Nesse período o recém-doutor deverá consolidar a sua independência acadêmica, aprendendo a:

(a) Atingir plenamente a independência na publicação de artigos, com a co-autoria do orientador se tornando gradativamente menos importante, até ser completamente desnecessária;

(b) Iniciar avaliações para contextualizar a sua produção científica no cenário internacional. Ou seja, sair do mero publicar por publicar, para ter a sua própria linha de pesquisa; deixar de realizar pesquisas de caráter meramente confirmatório e buscar pesquisas inovadoras e inéditas; deixar de se preocupar com o número de publicações e começar a se preocupar com as citações e o impacto que suas publicações estão tendo.

     Por fim, existem algumas habilidades mínimas que um estudante de pós-graduação deveria ter para se encaixar melhor nas diretrizes acima e nas minhas linha de pesquisa. Essas habilidades incluem:

(a) Formação na área de ciências ambientais com forte embasamento físico-matemático-computacional – como Meteorologia, Eng. Ambiental, Eng. Agrícola e Ambiental, etc. – ou outros cursos com forte embasamento físico-matemático-computacional, ou biológico-matemático-computacional como Física, Matemática, Ciência de Computação,Engenharias em geral, Biologia ou Ecologia, dentre outros. Note que a capacidade de dominar conhecimentos em outros ramos das Ciências Ambientais é muito importante.

(b) Forte conhecimento de computadores, principalmente sistema operacional Unix/Linux e linguagem de programação Fortran, além do básico em Windows/editor de texto/planilha eletrônica/apresentações/ilustrações.

(c) Capacidade de ler e escrever em inglês. A leitura do livro Style – Ten Lessons in Clarity and Grace, de Joseph M. Williams, é fundamental.

(d) Alguns membros do grupo podem ter que dominar softwares e linguagens de geoprocessamento. Temos uma filosofia de geoprocessamento de alto desempenho própria, em que, dependendo do tamanho da aplicação, os problemas são resolvidos em Sistemas de Informação Geográficas, scripting em Linux usando CDO ou NCO, scripting em NCL – NCAR Command Language processamento escalar ou paralelo em Fortran90, e para os problemas realmente pesados, processamento na nuvem usando Earth Engine.

     Temos consciência que selecionar um estudante de pós-graduação com todas as características acima é praticamente impossível, e adquirir todas essas habilidades faz parte do treinamento em nível de pós-graduação. Por outro lado, candidatos que possam demonstrar competência nas habilidades acima e possuam bom histórico escolar, podem ser beneficiados no processo de seleção para pós-graduação.

     Geralmente recomendamos que os membros do nosso grupo tenham uma formação básica em Linux, programação em Fortran, visualização de dados científicos usando o NCL e geoprocessamento. Oferecemos cursos online no Centro de Ensino à Distância da UFV para que os membros obtenham essa formação.

     Com relação às nossas linhas de pesquisa para os próximos anos, temos a seguinte visão de futuro:

     Nos próximos 5 anos, pretendemos desenvolver as ferramentas necessárias para que a modelagem integrada de sistemas ambientais se torne uma realidade no Brasil, ao mesmo tempo em que pretendemos usar essas ferramentas para estudar problemas ambientais emergentes no Brasil. Nossos objetivos se concentram em três áreas de atuação:

1. Formação de profissionais capacitados para desenvolver atividades de modelagem ambiental de alto nível
Estas atividades de formação se dividem em dois, incluindo formação aprofundada de mestres, doutores e cientistas, através da orientação de estudantes de pós-graduação e pós-doutores, e iniciação extensiva de estudantes às atividades de modelagem, através de cursos de extensão de nível básico ou intermediário.

2. Desenvolvimento e teste de modelos integrados de sistemas ambientais
Nos últimos cinco anos, temos trabalhado no desenvolvimento do INLAND, um modelo integrado de processos ambientais que ocorrem próximos à superfície. Embora a maior parte das atividades de desenvolvimento e integração tenham sido concluídas em 2013, pretendemos nos próximos anos continuar a trabalhar no desenvolvimento e teste desse modelo.

3. Estudos das interações entre os sistemas climático, hidrológico, ecológico e agrícola  
Usando os modelos integrados que desenvolvemos, mais outros modelos e a construção e análise de bancos de dados, estudamos as interações entre os sistemas climático, hidrológico, ecológico e agrícola, com a finalidade de gerar a ciência necessária para uma biosfera sustentável. Nesse contexto, nossa pesquisa adentra diversas disciplinas, como a Hidroclimatologia, Ecohidrologia, Ecologia de Ecossistemas, Climatologia Agrícola, Biogeoquímica, dentre outros. Temos estudado problemas ambientais típicos do Século 21, como a influência do desmatamento no clima, nos recursos hídricos e na atividade agrícola, efeito das mudanças climáticas nos recursos hídricos, nos ecossistemas e na atividade agrícola, diversos aspectos do ciclo do carbono, e aspectos de grande escala da agricultura sustentável e segurança alimentar.

Atualizado em 2 de maio de 2018